Em 1979, eu, com 8 anos de idade, fui levada pela moda e por minha mãe a um salão de beleza para fazer um procedimento até então conhecido como permanente. Fiquei ali por 5 horas a fio para transformar meu cabelo difícil de segurar um grampo em um cabelo mais fácil de arrumar como minha mãe sonhava. Coloca produto, tira produto, esquenta, esfria, seca, lava; saí de lá com os cabelos molhados, cacheados e com a cabeça pegando fogo. A profissional orientou que eu não deveria lavar os cabelos por 3 dias, porém o calor era tamanho que eu chorei, implorei pra que minha mãe deixasse eu molhar a cabeça. Foi quando ela descobriu que algo teria dado errado, meu cabelo havia grudado na minha cabeça em placas gelatinosas. Aff! Nem sei como explicar isso, mas hoje relembrando a situação eu sofri queimaduras de 1º grau. Foram simplesmente 22 anos de luta para meu cabelo voltar à metade do que ele era. Durante minha adolescência foi muito sofrido, meu cabelo perdeu brilho, ficou crespo e não cacheado como no dia que sai do salão. E nunca mais deixei minha mãe dar palpite, eu mesma cuidava. Aprendi a fazer bobs e touca, eu mesma fazia o alisamento com Wella chic. Enfim, roubaram meu cabelo de mim!
Mas ouvindo minha história você ou uma amiga deve ter se identificado, quero te pedir que não odeie o profissional por isso. Ele muitas vezes é guiado pelas tendências e em 1979 o permanente estava no auge, ter cabelo liso era brega. Muitas tendências vivenciamos nestes últimos 30 anos, algumas nos sequestraram, outras nos roubaram, outras nos amaram. O fato é que o cliente não fez boas escolhas está vivendo hoje a ausência de cabelo para começar a escolher melhor.
O ambiente da estética capilar vivencia uma grande onda de cabelos que não passam nos testes de mechas, cabelos que amarelam facilmente, cabelos que não descolorem homogeneamente, cabelos sem viço, força ou maleabilidade. Tudo isso fruto de escolhas equivocadas tanto pelo cliente como pelo profissional. Junto com essa onda de horrores nasce a necessidade de soluções e a terapia capilar, diagnóstica e terapêutica, está surfando nessa onda que não tem data para acabar. Uma vez que a cada hora são lançados no mercado da beleza produtinhos milagrosos sem tecnologia cosmética prometendo maravilhas sem comprovar sua eficiência de forma científica. E tem comprador!
Se alguém roubou seu cabelo de você em algum momento de sua vida, eu quero dizer que a solução está em buscar ajuda em profissionais mais especializados como métodos eficazes de diagnose e que sejam portadores de verdade científica por trás do seu trabalho. Não se deixe levar por modinhas ou por milagres embalados. Redes sociais nem sempre são uma referência confiável!
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